Olá gente!
São 15 dias sem escrever no diário. Estou em um processo de esvaziamento. Fiquei esses dias pensando em um monte de coisa. Em todos os meus medos e ansiedade que o pré operatório envolve e percebi que estou me esvaziando para preencher alguns espaços e não todos de coisas velhas revisadas e de coisas realmente novas.
Super sinceramente falando estou muito preocupada. Quando era mais nova tirei as amígdalas e tinha minha mãe por perto pra segurar minha mão, me falar que ia dar tudo certo, que eu não precisava me preocupar. E realmente deu tudo certo. Fora o repouso que de 1 semana passou para 15 dias porque falei quando não podia. Mas segurar minha língua é um pouco difícil ainda mais sob efeito de anestésicos. Nessa época eu tinha 15 anos.
Depois eu operei o joelho. Já erá um sinal da obesidade, mas como eu praticava atividade física 6 dias por semana tudo pareceu mais fácil. Eu morava em SP, estava em uma fase ótima no trabalho. Me sentindo muito realizada. Minha mãe já tinha falecido mas a minha ficha ainda não tinha caído. Meu pai ainda estava muito saudável e eu vim me recuperar em Uberaba. Foi um pouco mais difícil, mas eu superei.
Agora, com quase 40 anos e depois de 12 anos do falecimento da minha mãe e 8 meses do falecimento do meu pai, percebi que ainda exerço fortemente meu papel de filha sem ter os dois perto de mim. De todas as cirurgias que já me submeti essa é a mais difícil. Estou me revendo e precisando preencher esse vazio que eles deixaram. Meu trabalho, meu casamento, meus amigos, meus alunos são maravilhosos mas não podem suprir a ausência dos meus pais. Eles são muito importantes para mim. Em alguns momentos da minha vida ouvi a pergunta "Você é filha única?" e ficava pensando, será que eu sou tão mimada assim?
E depois de muita terapia (risos) descobri que não fui mimada, fui muito amada assim como meus irmãos. Sempre fomos educados e tratados como únicos. Eu fui uma criança e uma adolescente livre. Conversava de tudo com meus pais. Nossos encontros sempre foram muito intensos. Eu não me lembro de ter feito uma apresentação sequer na escola sem a presença dos dois. E quando digo escola quero falar que essa lembrança vai até a faculdade. Como todo mundo erramos mas eu sempre soube que eu tinha um lar, uma casa, um porto seguro, um lugar para onde voltar. Meio Dorothy do Mágico de Oz.
Agora não sou mais criança, não sou mais adolescente, sou adulta e muitas pessoas dependem de mim hoje. Quero ser mãe. Mas para assumir esse papel preciso deixar de lado um pouco meu lado filha e me descobrir de novo. Não está sendo fácil. São muitas coisas muitas responsabilidades, muitos questionamentos e se eu não tivesse uma equipe tão maravilhosa comigo e um marido, uma irmã e uma sobrinha tão lindos e amorosos aqui pertinho não sei o que seria de mim. Isso sem falar da comunidade dominicana onde eu trabalho e me realizo: alunos, colegas de trabalho, Irmãs. Serei eternamente grata a todo cuidado. Ano que vem estarei linda, loira, magra e mais saudável do que nunca. E aí serão novos projetos, risos.
Não posso deixar de citar minhas queridíssimas Fabiola e Lúcia do Espaço Gaia que sem elas minha loucura seria maior, risos.
A cirurgia está se aproximando e eu aqui numa mistura de ansiedade, medo, aflição, vontade. E sem hipocrisia comendo umas coisas que só comia no fim de semana. Danielly, segunda-feira conversamos sobre isso. A Danielly é minha nutricionista e espero que não leia esse capítulo até o próximo encontro.
Gente, sem inspiração. As provas para corrigir me chamam, as planilhas para serem completadas me gritam e eu ainda tenho muita aula pra dar e muita saliva para gastar hoje. Até a próxima semana.
Diário da Lili - É tempo de mudar - Cap. 7
Ligia Del Nery
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quinta-feira, 26 de setembro de 2013
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Nutricionista Izabelle Mesquita
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Fui única por 18 anos, pai ausente, com mãe se “virando nos 30” para me sustentar, uma avó linha dura e uma tia pra me mimar! Ops,...pra me amar!
ResponderExcluirE o amor sempre vinha, de todos os lados! De amigas “de vida” que há 500 km de distância hoje, ainda sinto tão presentes, de amigos novos, de conhecidos de riso fácil, de abraços fartos, de encontros rápidos, de gente modelo gente linda que tanto tenho encontrando pelo caminho...
E a gente é mais forte quando o amor fica por ali nos cercando, nos envolvendo!
Segurei barras dos mais variados modelos, tropeços, atropelos, mudanças e choros, e foi desse amor que tirei meu alimento.
Amor de mãe é meio magia, amor de pai dá suporte, mas acredito que é a soma de todos nossos amores que nos fortalece, nos abraça e nos acorda todas as manhãs!
Sinta-se sempre abraçada, fortalecida, sua soma é imensa....